propósito de vida, carreira, escrita, vestibular

O QUE ESTÁ NO CENTRO DA SUA VIDA?

Se você acompanha o Cuore Curioso há tempo, sabe que eu sou muito fã do Joseph Campbell, o mitologista americano que cunhou a frase “siga sua benção”. Desde que li O Poder do Mito, que é a transcrição de uma entrevista que ele deu ao apresentador Bill Moyers nos anos 80, toda a filosofia por trás deste mantra tem me perseguido.

Já li O Poder do Mito umas três vezes, e outras incontáveis vezes o folheei em busca de alguma parte mais significativa. A primeira leitura aconteceu na adolescência, e já naquela hora o livro todo fez completo sentido para mim. Parecia, ao ler, que eu descobria em fim a chave para esta existência e para o que move as pessoas.

campbell, follow your bliss

Pois bem. Leia isso. Já na adolescência eu conhecia a chave para a minha existência. Na adolescência eu sabia muito bem que a chave para a minha existência estava relacionada a escrever – afinal, eu vinha escrevendo com afinco desde que aprendera o ofício. Bem pequena, lá pelos 7, 8 anos, eu já me correspondia por cartas com a minha tia, e escrevia histórias e pequenos livrinhos espontaneamente.

Isso mesmo: espontaneamente. Sem a professora exigir. Sem ninguém exigir. Eu escrevia porque escrever era o que fazia sentido para mim. Escrever era a chave da minha existência, desde que aprendi. (E, se alguém achar que estou mentindo, tenho pelo menos duas testemunhas – totalmente comprometidas, eu assumo: é só perguntar para a minha mãe e minha tia).

Então corre para hoje, onde já faz basicamente um ano que eu retomei este blog e que não me vejo fazendo muita outra coisa. Hoje, novamente, eu tenho total clareza da chave da minha existência.

Acontece que, entre hoje e a minha adolescência, algo aconteceu. Algo aconteceu que me fez duvidar da minha chave, que me fez duvidar daquilo que também é chamado de propósito.

Sim, porque eu passei, entre a adolescência e hoje, uns 20 anos sem escrever com afinco. Uns 20 anos em que a minha vida não girou ao redor da escrita que – reforço – é a chave da minha existência.

Olhando para trás, vejo que há um fator fundamental para este desvio. Este fator chama-se vestibular. Aos 16 anos – sim, porque me formei aos 17 no segundo grau, mas a decisão da faculdade vem antes – eu escolhi que, entre jornalismo, ciências sociais, direito e engenharia de alimentos, eu seria engenheira.

O Brasil viva os primeiros anos do plano Real, havia uma brutal recessão no campo, de onde a minha família tirava a sua subsistência, e eu vinha de um colégio de “riquinhos”. Ganhar dinheiro, no microuniverso que eu habitava então, parecia a coisa lógica a se fazer. A coisa normal. A coisa certa.

Então, entre tantas opções de humanas, que me permitiriam talvez escrever mais – nunca saberemos ao certo, não? – eu decidi pela única que estava em Exatas.

O abandono da escrita, contudo, não aconteceu ali. Não – como todo sonho, não existe uma chave liga/desliga. Abandonamos nossos sonhos aos poucos, ao não alimentá-los mais. Eu deixei a chave da minha existência apagar-se aos poucos, tal vela que consome a parafina. Quando vi, já não havia mais luz.

É claro, o que é chave dentro de nós sempre procura uma forma de brilhar novamente. Então, engenheira, pelas empresas que passei sempre me meti nos projetos que envolviam escrita. Escrevi muito para revistas especializadas, catálogos de vendas, artigos, livros, e-mails, apresentações. Eu era aquele bicho literário num mundo de calculadoras.

A questão é que, ao invés de colocar ainda mais esforço, foco, comprometimento, energia no que eu já sabia que era a chave da minha existência, eu resolvi trocar isso por uma coisa. Ao invés de colocar o que era a minha vida no centro, eu resolvi colocar outra coisa.

Eu resolvi colocar o dinheiro no centro da minha vida.

Acontece que ninguém é bem-sucedido ao colocar o dinheiro no centro da vida. Todos, e qualquer um de nós, alcança o sucesso colocando o seu propósito no centro da vida, girando a SUA chave de existência, seguindo a SUA benção. Qualquer outro caminho é ilusório.

Ao colocar o dinheiro no centro da minha vida, lá nos meus 16 anos, eu me coloquei numa direção que sim, me trouxe dinheiro – afinal, era isso que eu queria, não? Porém este dinheiro veio de forma não sustentável. A ponto de eu abandonar uma cidade que amava (Jundiaí), onde eu tinha um apartamento excelente, um círculo de amizades forte e de longa data, tirar meu marido de um trabalho que ele adorava, apenas para ganhar mais dinheiro.

Leia isso: eu desconstruí a nossa vida apenas para ganhar mais dinheiro. (É claro, não fiz isso sozinha, afinal somos um casal, não um avião de um piloto só. E, sim, haviam outros motivos, mas muito secundários.)

Até então, era fácil seguir minha vida dupla: ser engenheira e seguir minha benção nas pequenas oportunidades em que esta chama voltava a brilhar. Foi quando eu desconstruí minha vida novamente que os primeiros sinais de problema começaram a aparecer: ansiedade, medo de andar de avião, insônia, irritação. Algo estava fora do lugar – e este algo era eu. Daí a eu ser demitida, foram-se 2 anos e meio.

Também houve o efeito Sara. Quem me segue no instagram viu uma postagem que eu fiz há umas semanas. Quem não viu, vou colocar aqui:

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Quando geramos uma nova vida, começamos a nos reconectar com o que nós mesmos éramos quando ainda éramos uma nova vida. Ao nascer, não apenas ela nascia, mas eu mesma re-nascia. Eu mesma me re-conectava com o meu propósito. Bem poucas coisas eram importantes o suficiente para me manterem afastadas da minha filha – e este questionamento, me parece, está no âmago do afastamento de tantas mães do mercado de trabalho.

Após o nascimento da Sara, a chave do que eu era voltou com uma força avassaladora. A ponto de que, num lugar completamente afastado de qualquer arte, apenas me senti local quando encontrei um tanto de arte sendo feita por ali. Eu preciso de arte para me sentir eu mesma.

Então, 20 anos após eu tomar um caminho que não era em direção à minha benção, à chave da minha existência, a soma do nascimento da Sara e de uma desconstrução de vida malfeita foram o estopim para uma revolução.

Mas, tal o morrer do sonho, o reacender do sonho não é liga/desliga. Não foi do dia para a noite que eu me vi aqui escrevendo. Leva tempo para esfregar os olhos, espreguiçar a mente, sacudir a poeira dos anos, desenferrujar os dedos, limpar o teclado e colocar as ideias em ordem. Leva mais tempo ainda para assumir que tudo isso era o que se deveria vir fazendo ao longo dos anos.

Porém, passados alguns dias, que viraram meses, que virou o ano em que estamos em sabático, aqui estou eu. Escrevendo, escrevendo um pouco mais, escrevendo muito e quase todos os dias, escrevendo e divulgando esta escrita. Seguindo este caminho criativo que não incluiu, em nenhum momento, sair largando currículo por aí. Seguindo este caminho criativo que me leva para dentro da minha zona de conforto e, de lá, extrai exatamente o que eu tenho de melhor.

Veja: este caminho, eu tenho prazer em seguir. Ele não é um caminho apenas de sobrevivência, com o dinheiro do meio. Ele é um caminho com PROPÓSITO.

E, como escrever é a chave da minha existência, adivinha: eu escrevo bem. Faço isso facilmente, não me importo de escrever por horas e, se precisar ficar afastada da minha filha por uma coisa, que seja para fazer algo realmente importante para mim.

E você também sabe que, quando fazemos algo bem, quando fazemos algo com que nos sentimos confortáveis, nos destacamos. Assim, você também sabe que esse é o único modo de ter sucesso de forma sustentável.

Então, quando vi o vídeo abaixo, que é parte de uma campanha da Neste em conjunto com o rapper Prince Ea, eu parei minha vida para assistir. Porque, assim como o mais recente filme do Pequeno Príncipe, esse vídeo resume as principais ideias por trás dos últimos tempos do Cuore Curioso. O pessoal do canal Sessão Youtubística fez uma versão legendada, então todos podem assistir.

Vá até o final, são 5 minutos da sua vida. São 5 minutos para você se reconectar a sua vida.

 

A versão original está aqui.

Eu gostaria que você lesse este post aqui também, onde eu falo de como re-encontrar o seu propósito após uma demissão. Mesmo que você não tenha sido demitido, gostaria que você tirasse uns minutos do seu dia para ler este post.

Gostaria que você refletisse sobre a sua vida hoje.

O que está no centro da sua vida? Por que você acorda todos os dias? Qual é a chave da sua existência? Do que você se lembrará nos últimos momentos antes de sair de cena.

Todo mundo morre, mas nem todo mundo vive.

E você?

 

 

Ps.: Aqui no Cuore Curioso, eu exerço plenamente a chave da minha existência. Mas eu não simplesmente joguei 20 anos de engenharia de alimentos para o alto, não – ter passado por esta experiência enriqueceu imensamente o meu repertório. É só questão de ajustar as velas para que o meu propósito se revele por lá também. Por isso, criei o site Sra Inovadeira, que fala de inovação em alimentos, e através dele estou escrevendo, ministrando cursos e fazendo alianças com muita gente maneira que estou encontrando neste novo caminho. Sim, é um caminho bem menos seguro – financeiramente – do que estar na folha de pagamento de uma empresa. Sim, é um caminho que exige competências que hoje eu talvez ainda não tenha, e estou adquirindo.

Mas sim, é um caminho que eu preciso trilhar. E que apenas eu posso trilhar.

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8 comentários sobre “O QUE ESTÁ NO CENTRO DA SUA VIDA?

  1. Olá Cristina, tudo bem ?
    Aqui quem fala é a SessãoYoutubística e queria lhe informar que esse vídeo será removido daqui a alguns dias, mas coloquei outro para substituí-lo. Se quiser conferir, esse será o novo vídeo: https://youtu.be/PyoqbQfuUAY

  2. Teria uma melhor for a de começar uma segunda-feira? Grata pelas palavras e abrir suas experiências fazendo nos sentirmos mais “normais”!

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