COMO EU ATUALIZEI O LINKEDIN APÓS MEU DESLIGAMENTO DA EMPRESA

Escrevo no Food Safety Brazil desde 2012 (muito orgulhosamente), e lá no site os colunistas tem o privilégio de um mini-currículo. Ele foi, ao longo dos anos, refletindo as minhas mudanças de carreira para, mais recentemente, excluir 100% dos nomes de empresas que até então constavam nele.

Apesar de elas constarem no meu currículo completo – acabam dando um aval ou outro ao que eu fiz – no mini-currículo, que fica exposto na mídia o tempo todo, achei por bem não fazer propaganda “de grátis”. Afinal, o que importa ao Food Safety Brazil é o que eu sei, o que eu fiz, o que eu penso, o que eu comunico. Por isso sou colunista.

Mais recentemente, a editora-chefe me pediu se eu gostaria de alterá-lo, fazendo jus à mudança da situação empregatícia (uma vez que lá diz “Gerente de P&D e Qualidade”). Eu disse que não.

Eu não deixei de ser Gerente de P&D e Qualidade apenas porque uma empresa deixou de pagar o meu salário.

Se você for pensar, um médico continua médico mesmo aposentado. Um professor segue professor, dando ou não aulas. Um astronauta será para sempre o cara que foi – ou não – à Lua.

Marcos Pontes, astronauta (não de mármore) no espaço ou dando palestras no Brasil
Marcos Pontes, astronauta (não de mármore) no espaço ou dando palestras no Brasil

Por que, então, tanta gente, quando sai de seu emprego, vai lá no Linkedin e coloca: “Em busca de recolocação”, “Entre empregos” ou qualquer outra forma de dizer ao mundo – “eu tenho menos valor hoje do que quando trabalhava na Corporação XPTO”?

Vai lá meu perfil do Linkedin, eu te convido. Assim que publiquei o texto “As Caixinhas em que as empresas te colocam”, percebi que o meu título profissional estava muito pobre. Como assim, apenas Gerente de P&D e Qualidade? Eu não sou apenas isso!

O título profissional – o headline – é a sua marca. Aquilo que lhe define, o que lhe traz prazer, aquilo no quê só você é único e maravilhoso. Pode ser que você se identifique 100% com o título que a empresa lhe pôs: bacana, vai lá e usa.

Mas digamos que você é um expert em Assuntos Regulatórios, anos de contribuição para a nobre causa, e a empresa em que trabalha nem imagina o que é esta área – e te contratou como Gerente de Qualidade.

Como você se apresentaria? João da Silva, Gerente de Qualidade – depois uma longa explicação de que o seu campo mesmo é outro? Por que não, simplesmente, colocar o que você É mesmo: “João da Silva, Expert em Assuntos Regulatórios”?

Lá embaixo depois você coloca seu cargo atual. A sua marca, o seu slogan, aquilo que lhe vende, está preservada.

Então, fui lá, quase uma Joana D’Arc desafiando o sistema, e coloquei o que eu realmente sou: Gerente de P&D e Qualidade de Alimentos|Blogueira e palestrante de Food Safety | Coach.

Headline

(Preferi deixar o “fotógrafa amadora”, “planejadora de viagens” e “de festas infantis” para as minhas interfaces nas mídias sociais menos caretas)

Depois, lá na experiência, as datas falam por si: eu não estou trabalhando em uma Corporação XPTO (pelo menos, enquanto o Cuore Curioso não for uma). Estou trabalhando em um dos meus projetos mais queridos: a comunicação que proporciona mudança.

Sabe, em tempos de crise muita gente fica medrosa. Para falar a verdade, essa gente já era medrosa antes, apenas ficou ainda mais medrosa agora. Parece que não podemos dar nenhum passo em falso, sob pena de perdermos aquele lindo bastão de glória, status e prestígio que a Corporação XPTO te concede quando te emprega.

Quer saber mais? Já são uns 4 meses que estou do lado de cá das Corporações XPTO, só observando.

Eu vi a GM demitir pessoas por telegrama. Vi a Unimed demitir pessoas super qualificadas enquanto constrói novas sedes nababescas no interior do Rio Grande do Sul, sob alegação de crise. Vi empresas impedirem profissionais de viajarem, de irem a feiras, de conhecerem novas tecnologias, de fazerem networking, por medo de perdê-los.

Vi empresas que não declaram corretamente os ingredientes que usam, ou os alergênicos que estão presentes em seus produtos.

Eu tenho visto muita coisa.

O que eu não tenho visto são os profissionais questionando este modelo. A quem serve este modelo em que você tem que andar numa linha?

Aliás, quem desenhou a linha?

Onde fica a linha?

Sabe o que eu senti depois que mudei o meu título profissional no Linkedin? Libertação!

E sabe o que aconteceu?

Nada.

Ninguém veio me questionar, os céus não se abriram para o som das trombetas, não houve manifestações na rua pedindo o uso do título “em busca de outra oportunidade”.

Sabe o que eu aprendi?

Colagem

Que o Linkedin é meu. Que a minha vida profissional é minha. Que a história do que eu fiz também.

E que, se eu tenho que ter uma marca, ela é minha por conquista, não por concessão.

 

Ps.: estou pensando em trocar este headline por algo mais “fodástico”, porque está muito certinho para o momento atual. Alguém tem sugestões?

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4 comentários sobre “COMO EU ATUALIZEI O LINKEDIN APÓS MEU DESLIGAMENTO DA EMPRESA

  1. Olá, acabei de conhecer vocês! Prazer imenso. Mais ainda com este texto do linkedin/desligamento. Caiu como uma luva no meu momento atual. Acabei de ser desligado da área corporativa uma multinacional espanhola da área de telecom. Nos primeiros dias bateu tristeza, revolta, baixo astral, perguntas do tipo: onde errei, o que fiz para merecer, tudo junto e misturado numa vez só.
    Adorei a dica do linkedin e vou alterar o meu.
    Ainda estou passando pelo processo de aprendizado: o que fazer daqui para frente ? Como vou sobreviver ? e tantas outros pensamentos que tiram meu sossego.
    Ainda ñ consegui chegar naquele ponto de virar a chave para outras alternativas. Porém, de imediato voltei a estudar (desta vez faculdade de turismo), incrementei meu instagram de viagens (paixão) #meuembarqueimediato – criei no facebook uma página com o mesmo título. Ñ nego que o mundo corporativo deixou e tem uma marca muito grande na minha pessoa e com isso acionei contatos para voltar ao mercado de trabalho (será que é isso que procuro para minha vida ???)…
    A retomada do curso de inglês, ainda ñ tive coragem
    As preocupações com dinheiro me assombram (ñ esta faltando e se faltar?)
    Enfim, é um momento de transição que espero superar.
    Creio que escrevi de mais e misturei tudo. Mas estou encantando com seus posts e saiba que estão sendo demais para mim.
    Sou gaúcho, moro 14 anos em SP, sou casado, sem filhos e sem cachorro.
    É isso.
    Forte abraço e muito sucesso.
    Gratidão.
    Daniel Fagundes Garcia

    1. Daniel, desculpe ter demorado tanto a responder, mas queria ter paz para fazê-lo à altura.
      Que comentário tão rico! Escrevo estes textos para curar e purgar minhas próprias histórias, e no pequeno afã de ajudar quem pode ter passado por situações semelhantes – e você não consegue imaginar como me satisfaz receber esse seu comentário.
      Acabei de soltar um novo texto sobre esta temática, dá uma olhada o que você acha (está em Carreira também). Eu fico aqui imaginando que tem um monte de gente como eu e você louco para gritar para o mundo que existe vida do lado de lá das corporações… só falta aquele empurrãozinho 😉

  2. Também fui demitido em julho deste ano e confesso estou muito preocupado, visando o dinheiro acabar e sem um horizonte a vista “recolocacao” no mercado de trabalho. Na verdade queria muito dar a volta por cima e ser independente.

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