Mãe, por que tem sempre um amanhã? – ou, Não viva de falsas esperanças

Mãe, ali que é o amanhã?
Mãe, ali que é o amanhã?

Esses dias, surpreendendo a mãe como somente crianças de 4 anos fazem – e respondendo à minha afirmação de que amanhã a avó voltaria para casa – a Sara me perguntou: Mãe, por que tem sempre um amanhã?

Estávamos passando uns dias na beira da praia, em Florianópolis, mas tudo o que ela queria saber era: quando verei a vovó? A resposta era sempre: amanhã. Iria demorar.

Como você explica para uma criança o que é o amanhã? O tempo não é facilmente transposto em conceitos simples. Como dizer a ela que amanhã é um dia que ainda não chegou, mas que chegará, com certeza, se ela, tão pequenina, diz que tudo o que aconteceu no passado foi ontem?

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ESCREVENDO NA AREIA, ESCREVENDO COM ÁGUA

Eu passei a infância, adolescência e a transição para a vida adulta curtindo o verão numa casa de praia que a família tinha em Tramandaí, no Rio Grande do Sul. Quem vai à praia aos finais de semana, ou passa uma temporada por lá, tem uma experiência muito diferente de quem passa um mês inteiro e volta todo ano para a mesma casa. Pensando hoje, é uma experiência existencial, como se todos os anos pudéssemos testar um novo eu, fresquinho, durante os 30 dias que duravam o veraneio.

Na praia, podíamos ser quem quiséssemos. Eu podia ser a menina mandona e emburrada, ou podia ser descolada e maneira e gostar de reggae. Dava para fingir ser popular, ou trocar de religião e contemplar a umbanda. Dava para esquecer a vergonha e dar feliz ano novo para todos os carros que passavam na avenida, ou fazer amizade com os surfistas locais que encontrávamos na beira da praia. Dava para pensar ser uma razoável jogadora de vôlei, e treinar com as minhas amigas para valer. Dava para ser o que eu sempre era, ou simplesmente criar um novo ser que era mais uma possibilidade de mim.

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DOIS CASAIS, DUAS VIDAS – ou, A RECEITA PARA SER FELIZ

Nesta viagem rumo ao Sul, tivemos a honra de ser recebidos nas casas de dois casais de amigos, que não poderiam ser mais diferentes.

Os primeiros amigos, de Curitiba, têm duas filhas, trabalham em empregos formais, sendo que ela está há quase 15 anos na mesma empresa. Viajam pouco, têm familiares em outras cidades que os visitam, possuem uma vida bem estabelecida em Curitiba.

Os segundo amigos, de Garopaba, não têm filhos por decisão, têm uma empresa, há cerca de uns 5 anos. Antes disso trabalharam cada qual em empresas formais, ele foi consultor, também viajaram para a Nova Zelândia e ficaram quase 2 anos trabalhando, entre outras atividades. Viajam muito, mundo a fora, têm familiares em outras cidades que os visitam, possuem uma vida bem estabelecida em Garopaba.

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MENOS EGO – MAIS ALMA

Há alguns anos, voltando de um almoço com o pessoal do trabalho, comentei que qualquer carro acima de um Fusca – ou vá lá, não sejamos tão radicais, acima de um Palio/Uno/Celta/Gol básico com direção e ar – era status. Qualquer um deles te levariam de um lugar ao outro, ou seja, todo o resto é status.

Fui execrada: “como assim? Compramos carros pelo conforto, e pela potência, e porque são bonitos, e porque isso e aquilo”. Estava de carona num carro que não era um Palio, achei melhor ficar quieta.

Anos depois, fui trabalhar em outra empresa que não tinha carro como benefício para Gerentes. Em casa tínhamos um Gol simples, e ele estava dando sinais de cansaço: precisávamos trocar. Pois bem, fiz o Casal Cuore comprar um “carro de Gerente”, dizendo à minha outra metade que precisávamos do espaço interno. Acho que nem eu acreditei nisso.

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estante cheia de coisas para vender

Desapego – ou, o Grande Bazar via Facebook para se livrar das tralhas.

Desta vez decidimos fazer tudo diferente. Não queremos ter uma montanha de coisas a encaixotar, nem uma montanha de coisas a desencaixotar. Vamos vender tudo o que não for plantas, livros, CDs, móvel de família e a cama da Sara. E sabe qual foi a revelação?

Mesinhacasal

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Cargas – ou, Sai de mim, coisa ruim! e Seja mais leve

Estou espantada com as cargas que carrego. Eu ainda tenho papéis de cartas decorados que colecionava quando criança. Parte da coleção ficava na casa da minha avó, e fiquei ofendidíssima quando ela jogou fora. Isso há pelo menos uns 20 anos. Consegui salvar uma pequena parte, que guardo comigo desde então.

Eu tenho 36 anos.

O que realmente farei com estes papéis? Nem eu sei. Mas eles estão aí, guardados, juntos a tantas outras coisas que não fazem nenhum sentido. 15 almofadas. Quem precisa de 15 almofadas em uma casa com apenas 1 sala? Continuar lendo “Cargas – ou, Sai de mim, coisa ruim! e Seja mais leve”

COISAS QUE EU DIRIA A MIM MESMA SE PUDESSE VOLTAR A ANTES DE TER A SARA

Andando pela internet, acabei achando um vídeo tão real sobre a maternidade, parte de uma campanha da Nummies (que vende sutiãs de amamentação super legais) realizada pela Unmarketing. Deu vontade de pensar sobre o que eu mesma me diria.

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