UM DIA CULTURAL: MUSEU DE BELAS ARTES E O TEMPLO DA LITERATURA EM HANÓI

Após 8h de vigem, chegamos à caótica Hanói numa tarde quente de outono – só imagino o que seria o inverno. Havia lido tudo e mais um pouco sobre os táxis no Vietnam, e principalmente Hanói, então estávamos com medo alertas para possíveis esquemas. Havia apenas duas empresas de táxi a serem buscadas: a Mai Linh e a Hanoi Group.

Podíamos ter pego um outro tipo de transporte também ;)
Podíamos ter pego um outro tipo de transporte também 😉

A “rodoviária” era não muito mais do que um pátio de brita e chão batido, lotado de ônibus de todas a cores, passageiros subindo e descendo, gente comendo acocada no chão e muitos, muito táxis. Resolvemos seguir a recomendação e sair caminhando com as malas, para reduzir a possibilidade de enrolação.

Hanói, em toda glória, casas estreitas, fiação elétrica e arquitetura francesa colonial
Hanói, em toda glória, casas estreitas, fiação elétrica e arquitetura francesa colonial

Deu certo – um pouco adiante, havia um ponto da Mai Linh e o taxista foi muito correto. Claro, o Fernando estava estressadíssimo, tirou foto da licença do homem e ainda soltou, antes mesmo dele ligar o carro: eu vou na polícia, hein? Gente, às vezes penso que era melhor nem ter tanta informação disponível na internet, ficamos mais atucanados do que realmente a aproveitamos.

Uma florista em Hanói - quem acompanha pelo Instagram já viu essa, não?
Uma florista em Hanói – quem acompanha pelo Instagram já viu essa, não?

Sair da China e chegar a Hanói foi uma experiência no mínimo curiosa – para não dizer, antropológica! Finalmente estávamos cercados de inglês para todos os lados, finalmente MUITOS rostos ocidentais, finalmente comida, bebida, serviços para turistas abundantes à disposição. A rua do nosso hotel era chocante: uma profusão de neon piscante em todas as cores denunciava que ali se atendia o gosto do freguês, conforme ele chegasse. Negócios variados – mas muitas, muitas, muitas agências de turismo – disputavam ombro a ombro a atenção do viajante.

Goiaba, goiaba, goiaba, olha a goiaba fresquinha!
Goiaba, goiaba, goiaba, olha a goiaba fresquinha!

Nós ficamos ao todo 5 dias em Hanói – ficaríamos menos, porém como era meu aniversário, pedi um cruzeiro de 2 dias e 3 noites por Halong Bay de presente. Ficamos mais um dia além do previsto para podermos pegar o cruzeiro que nos atraiu mais – e com isso, deu para conhecer bem calmamente a capital do Vietnam.

 

INDO AO MUSEU DA HISTÓRIA MILITAR E ACABANDO NO DE ARTES

O primeiro dia começou com a ideia de ir ao Museu da História Militar – havia lido que um monte de aviões e helicópteros de guerra faziam a festa da criançada por lá. E eu sou fascinada por histórias de guerra, tanto que na minha ida à Inglaterra em 2007 fui a basicamente todos os museus relacionados à 2ª Guerra Mundial (vai entender).

No caminho para o Museu da História Militar - um inesperado trilho de trem
No caminho para o Museu da História Militar – um inesperado trilho de trem

Nosso hotel ficava no Quarteirão Francês e, pelo Google Maps, a 16 minutos de caminhada do tal Museu. Vamos caminhando, é claro, porque te dá mais chance de fotografar, conhecer o local.

Arrãn.

Com 37°C.

Vai caminhando, tonta, com o suor escorrendo pelas costas. Água de garrafa de 2l acabando entre nós três a cada 5 quadras. E o pessoal ao lado passando de manga comprida – e luvas! – para se proteger do sol.

O trânsito de Hanóis - e a turma coberta dos pés à cabeça
O trânsito de Hanóis – e a turma coberta dos pés à cabeça

Ou seja, além do calor próprio, passamos muito calor alheio!

Chegamos ao Museu cansados, para descobrir que era uma sexta – justamente o dia em que ele estava fechado. Obrigada, TripAdvisor, por uma informação tão “precisa”. Seguimos, então, o rumo do Templo da Literatura, que ficava “perto” – 1km. Com criança. De 4 anos. Sem carrinho.

Eu sei, nós abusamos. Mas a Sara é ou não é uma companheirinha?

No caminho, um casal de face oriental nos aborda, pedindo onde ficava o Museu de Belas Artes – me mostram o mapa e vejo que estavam vindo daquela direção, e estamos a apenas 1 quadra de distância. Resolvemos guia-los e por lá passear também.

Um monge... não precisa descrever, não é?
Um monge… não precisa descrever, não é?

Uma escolha ao acaso que se provou excelente, principalmente pelo ar condicionado 😛 . Quem lê o blog há mais tempo sabe o quanto eu gosto de arte – para mim, um agente de mudança de vida desde que comecei a ler – então não poderia ser diferente.

Bem interessante ver a construção do pensamento vietnamita através do período colonial francês, os retratos e as marcas de guerra, para então nascer uma identidade visual local, que engloba tudo o que veio antes, mas também fala do que é o Vietnam.

Foi nosso primeiro contato com a Guerra mais recente pela qual o Vietnam passou – por lá, ela é chamada de Guerra de Opressão Americana. Há um elemento político muito forte nesta pintura de guerra. Ela é, ao mesmo tempo, idealizadora e um tanto ingênua, tratando da guerra como se fosse um romance idílico, daqueles de camponeses no campo – mas também chocante e assustadora.

Na sala de exposições temporárias, o colecionador Nguyen Minh expunha os quadros da sua galeria particular – um esforço para trazer de volta ao país peças que estavam em coleções internacionais.

Há uma ideia patriótica romântica em tudo aquilo, algo que no Brasil há muito tempo não se vê mais: este é meu país, e eu tenho orgulho dele.

Cerca de 2 horas depois, colocamos o pé na estrada para…

 

ALMOÇAR E TROCAR DINHEIRO CHINÊS

Na rua novamente para irmos ao Templo da Literatura, o Fernando quis trocar dinheiro. Andamos um pouco ao redor da entrada do Templo após o almoço e achamos um banco.

Nós somos “super” expertos. Saímos da China com uma montanha de yuan, que basicamente valia NADA no Vietnam. Quais são as moedas que os bancos trocam? Usuais: euro, dólar, até dólar australiano. Yuan, dali do lado, ninguém quer.

Missão trocar dinheiro, fail. A atendente, contudo, foi muito simpática, e recomendou que fôssemos às lojas de ouro trocar (a mesma recomendação havia sido feita na Wikitravel – só que eu estava achando aquilo tudo muito esquisito).

A China e o Vietnam têm relações enfraquecidas por conta da disputa de territórios na fronteira e no mar do Sul da China. Sem contar nos 1000 anos de dominação chinesa até o século XV. Não é de se espantar que os chineses não sejam vistos com bons olhos por lá.

Então, sacamos dinheiro do cartão para podermos finalmente…

 

VISITAR O TEMPLO DA LITERATURA

A entrada... e as estudantes
A entrada… e as estudantes

Uma galera vestida de toga, roupa tradicional vietnamita e balões decorava a entrada do que no século XI era a Escola Imperial. É um ritual de formatura: os formandos vão prestar homenagem e tirar suas fotos no Templo dedicado a Confúcio.

O Templo da Literatura começou a ser construído em 1070. A Escola Imperal foi estabelecida em 1076 – é, enquanto em terras brasucas, apesar de haver disputas pela coroa, a primeira universidade foi surgir nada menos do que cerca de 700 anos depois.

Hum...não me pergunta o por quê da pose: vimos fazer e fizemos igual.
Hum…não me pergunta o por quê da pose: vimos fazer e fizemos igual 😛 Alguém me ajuda a decifrar a pose?

Você sabe que entrou num espaço confuciano quando os jardins são completamente ordenados. Aplicar os ensinamentos de Confúcio à arquitetura e paisagismo é visto como o triunfo da mente sobre a natureza: só há cantos retos, linhas bem definidas, espaços que se repetem, prédios distribuídos ao redor de pátios, que são delimitados por portões parecidos com ritos de passagem.

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É impressionante também perceber claramente que, apesar de guardar certa similaridade com a China, esta arquitetura é completamente diferente: dá para ver melhor nos detalhes dos telhados. Mesmo dentro da China, cada região tinha detalhes diferentes – e no Vietnam, eles são muito mais intrincados.

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Em um dos pátios internos, uma linda coleção de bonsais muito antigos – vimos bem mais bonsais no Vietnam do que na China. O último prédio do Templo é onde ficava a Academia Imperial em si – uma torre de tambor e outra de sino o ladeiam (da mesma forma como a Torre do Tambor e do Sino olham uma para outra em Xi’an, na China).

O Templo da Literatura é um dos passeios mais conhecidos de Hanói – uma fama que, na nossa opinião, é um pouco infundada. Ele faz muito sentido para os vietnamitas, tem a ver com o orgulho nacional, tem locais bonitos, mas não faz nem sombra a outros templos que fomos. Mesmo assim, na saída, tiramos aquela foto rídícula linda que usei no post dos dois meses na estrada.

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Imitando a She-Ra e o He-Man no Templo da Literatuta. A gente se presta.

 

E ASSIM TERMINOU O DIA…

Tchau, passeio!!!
Tchau, passeio!!!

Porque ninguém mais aguentava o calor: fomos para o hotel, tomamos um banho e descansamos um pouco. Saímos novamente apenas à noite, parecendo seguir o padrão local de hábitos noturnos.

Fomos provar outro restaurante da listinha do TripAdvisor – cadê a coragem de comer na rua, hein? – e finalizamos com um café de doninha-anã.

 

O QUÊ?

Isso mesmo, querido leitor e estimada leitora: tomamos o tal café de doninha-anã (weasel em inglês). Sabia que o Vietnam é o segundo maior exportador de café do mundo, atrás apenas do Brasil?

Café de Doninha-anã (ou weasel)
Café de Doninha-anã (ou weasel)

No quesito cafés estranhos, aqui temos o nosso jacu (obrigada pela informação, Lúcia), selecionando os melhores grãos, comendo-os, tratando-os no trato digestivo e… bem… defecando-os. No Vietnam, quem faz as vezes do jacu é a doninha-anã. O café posteriormente é beneficiado na indústria, o que “deve” excluir a chance de pegar qualquer infecção maior.

Sentamos nessas mesinhas baixas que eles adoram por aquelas bandas e tomamos um café gelado. Quando foi a hora de escolher um pouco de café para trazer para o Brasil (não conta na Alfândega!), a atendente, novamente, supersimpática, preparou algumas amostras para degustarmos.

Percebe que o café tá coando ali na xícara mesmo?
Percebe que o café tá coando ali na xícara mesmo?

E foi dali para o hotel. No dia seguinte, era dia de fazer tour com o Hanoi Kids.

Mas isso já é assunto para outro post!

 

 

E você, estimada leitora e querido leitor: o que gosta de fazer quando está viajando? Quem aí entre nós curte museus???

 

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