COISAS QUE APRENDEMOS COM AS NOSSAS 11 MUDANÇAS

Eu devo ter um pé muito inquieto mesmo. Já tinha perdido as contas de quantas vezes havia me mudado, até ter que escrever sobre a montanha de coisas que eu carrego. Foram 11. Conheço milhares de pessoas que moram nas mesmas casas desde sempre, e seus pais moram nas mesmíssimas casas, e seus avós moravam nestas casas também. Há uma beleza nesta estabilidade.

Pois eu me mudei 11 vezes. Desde que nasci, algumas vezes não fui a protagonista da mudança, outras me mudei sozinha, foram 11 novas casas cujas portas abri para me instalar. É um dos números mestres, não? Deve ser por isso que esta última mudança é tão revolucionária na nossa vida. A partir desta mudança, tudo o que considerávamos certo, seguro e posto, cai por terra.

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ESCREVENDO NA AREIA, ESCREVENDO COM ÁGUA

Eu passei a infância, adolescência e a transição para a vida adulta curtindo o verão numa casa de praia que a família tinha em Tramandaí, no Rio Grande do Sul. Quem vai à praia aos finais de semana, ou passa uma temporada por lá, tem uma experiência muito diferente de quem passa um mês inteiro e volta todo ano para a mesma casa. Pensando hoje, é uma experiência existencial, como se todos os anos pudéssemos testar um novo eu, fresquinho, durante os 30 dias que duravam o veraneio.

Na praia, podíamos ser quem quiséssemos. Eu podia ser a menina mandona e emburrada, ou podia ser descolada e maneira e gostar de reggae. Dava para fingir ser popular, ou trocar de religião e contemplar a umbanda. Dava para esquecer a vergonha e dar feliz ano novo para todos os carros que passavam na avenida, ou fazer amizade com os surfistas locais que encontrávamos na beira da praia. Dava para pensar ser uma razoável jogadora de vôlei, e treinar com as minhas amigas para valer. Dava para ser o que eu sempre era, ou simplesmente criar um novo ser que era mais uma possibilidade de mim.

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Cargas – ou, Sai de mim, coisa ruim! e Seja mais leve

Estou espantada com as cargas que carrego. Eu ainda tenho papéis de cartas decorados que colecionava quando criança. Parte da coleção ficava na casa da minha avó, e fiquei ofendidíssima quando ela jogou fora. Isso há pelo menos uns 20 anos. Consegui salvar uma pequena parte, que guardo comigo desde então.

Eu tenho 36 anos.

O que realmente farei com estes papéis? Nem eu sei. Mas eles estão aí, guardados, juntos a tantas outras coisas que não fazem nenhum sentido. 15 almofadas. Quem precisa de 15 almofadas em uma casa com apenas 1 sala? Continuar lendo “Cargas – ou, Sai de mim, coisa ruim! e Seja mais leve”