CHAVIN DE HUANTAR – AMÉRICA LATINA QUE VOCÊ NEM SABIA QUE EXISTIA

O mundo vai para o Peru pelos Incas. Os espanhóis dizimaram os Incas, fundaram suas colônias, exploraram até não poder mais a prata da Cordilheira, sediaram o Vice-Reinado no Peru, espalharam milhões de Igrejas pelo país.

Não adiantou de nada. O mundo ainda vai para o Peru por conta das maravilhas que os Incas deixaram.

Aí, quando você chega o Peru, acha que está abafando na cultura pré-colombiana porque sabe que existiam três civilizações americanas bem desenvolvidas antes da chegada dos espanhóis (incas, maias e astecas), você leva aquele tapa na cara.

peru cordilheira mulher caminhando
Caminhando nas estradas esburacadas do Peru, um povo que resiste à falta de chuva, ao frio congelante de madrugada e ao calor escaldante ao meio-dia.

O Peru é o país mais tapa na cara que eu já visitei.

Porque não apenas Incas habitaram aquele território. Os Incas foram apenas o povo mais desenvolvido com quem os espanhóis tiveram contato – e o que mais ofereceu resistência a eles.

Lá moraram Incas, mas antes haviam Chavin, Huari, Wari, Nazca e mais um monte de outros povos, com estruturas mais ou menos complexas. Muitos deles, como os Chavin, desapareceram meio que sem deixar explicação.

Por que será que naquele território tão pedregoso, onde quase nunca chove, se estabeleceram tantas civilizações complexas e desenvolvidas? Talvez seja uma indicação de que o caminho para o desenvolvimento do ser esteja no desafio.

Pois estávamos em Huaraz, capital mundial do pó e dos picos nevados, e ouvimos falar de um passeio que iria até o Chavin de Huantar – complexo arqueológico do povo Chavín. 4 horas de viagem por uma estrada tortuosa, cheíssima de curvas (o que me faz pensar se Huaraz é mesmo o melhor ponto de partida para este passeio) e lá chegamos.

O Chavín de Huantar é o melhor remanescente da cultura Chavín, que durante 700 anos esteve presente no Norte e na Costa do Peru. Isso aí, meu amigo, a cultura Chavín, de que poucos ouviram falar durou mais do que o que nos acostumamos chamar de Brasil.

Eles duraram mais tempo que os Incas. E a gente nunca tinha ouvido falar deles.

A visita é conhecer o Templo, a Praça – onde o nosso guia fez uma descrição bem sangrenta dos sacrifícios (sabe-se lá se verdadeira ou não) – e o Museu Nacional de Chavín.

Ao contrário de Machu Picchu, onde sem um guia ou um livro você fica por sua conta e risco para imaginar para que certas estruturas eram usadas – no Museu Nacional de Chavín há uma exposição compreensiva e inteligível sobre a cultura Chavín.

Tudo o que um casal deslumbrado de viajantes precisava para entender melhor onde havia se metido.

Um dos pontos altos de uma viagem é esse embrenhar-se no desconhecido (para nós, turistas brasileiros com conhecimento nulo da história da América Latina pré-colombiana). Descobrir, do lado de lá do desconhecido, algo muito mais misterioso do que uma foto-troféu para colocar no Facebook. Descobrir que o que você tem e toma como história é na verdade apenas uma parte da história.

Não é à toa que recomendamos Huaraz para todos os viajantes que querem ir ao Peru. Há poucos lugares no mundo que reúnem tanta variedade no seu território – e onde uma gente hospitaleira e um serviço de transporte de vans te leva a qualquer lugar, mesmo os mais escondidos.

Poderíamos ter ficado apenas na batidinha Lima-Machu Picchu-Lima.

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Laguna de Querococha

É o mais tradicional, e até entendo que nem todo mundo tem 23 dias para percorrer um país, como nós fizemos. Machu Picchu é deslumbrante, e carrega consigo a fama de ter ficado escondida do mundo por muitos anos durante e após a invasão espanhola – então são ruínas em bom estado de conservação.

Milhões de pessoas do mundo inteiro visitam Machu Picchu.

Mas, se você tem este tempo, por que não conhecer a fundo a cultura do país que você elegeu? Por que não se SURPREENDER?

Por que conhecer apenas o que todo mundo já conhece? Por que não pesquisar um pouquinho, aventurar-se um pouquinho, sair um pouquinho daquela trilha mais batida que todo faz e fazer a sua própria?

(Fazendo uma ressalva aqui: os peruanos estão cansados de saber que os Chavíns e outros povos existiam. Em todos os sítios não-incaicas que visitamos, haviam centenas de peruanos. Um ou outro turista estrangeiro. Os peruanos têm um orgulho imenso da sua história e dos povos que habitavam aquelas terras antes dos espanhóis chegarem.

Quando foi a última vez que você visitou um sítio arqueológico dos povos Brasileiros, como o Parque Nacional da Serra da Capivara ou os sambaquis na região de Laguna?

É, pois é, nem nós.)

O Fernando tinha um sonho antes de nos conhecermos: queria conhecer toda a América Latina. O Peru foi uma janela perfeita e variada para um continente que nem sonhávamos existir.

E olha que nem fomos a Arequipa, Nazca, Ica, Chan Chan, Puno, Trujillo, Iquitos… tudo isso fica para uma próxima viagem.

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