A PRIMEIRA VIAGEM DA SARA – 14 HORAS DE CARRO!

Eu cheguei a ter fama de ser superprotetora – muito porque, nos primeiros 2 meses da Sara, nós basicamente não saímos de casa. Também pudera, cada saída era acompanhada por gritos estridentes incessantes durante todo o período em que o carro estava fora da garagem. Bebê gosta de carro? É, talvez outro bebê – a Sara odiava andar de carro.

Mas por que mesmo eu queria ir de carro?

Mas como roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, um dia a vida da Sara rodou também e ela passou a andar de carro com curiosidade. Não que ela dormisse muito, mas ao menos não chorava mais. Lá pelos 7 meses.
Até o dia em que ela passou a dormir quando o carro se movimentava. Isso foi lá pelos seus 10 meses.

É que tem coisas que a gente não vê do avião

Nessa época, eu precisava urgentemente viajar. Veja só, o bichinho do viajante me mordeu faz tempo – eu acho que já nasci viajante. Quando tinha uns 40 dias, já fui de avião com meus pais visitar uma tia em Minas Gerais e depois Brasília (nos idos de 1978, o Brasil estava em meio à “redemocratização” e meu pai, ex-partidário do MBD, devia estar super imbuído de patriotismo – ainda mais que ele nasceu em 7 de setembro). Depois te ter ficado 10 meses meio trancafiada em casa, sendo as únicas três viagens realizadas para visitar meus pais – o que tecnicamente não conta como viagem, porque já conheço o RS de sobra – estava precisando ver alguns lugares novos. Urgentemente. Sob pena de me jogar do quarto andar.

Chegando a Joinville, a serra está sempre florida de manacás da serra

Aí, juntando a vontade de viajar para qualquer lugar, mas sem gastar horrores, o Carnaval se aproximando, meus amigos de Blumenau que há anos não via e a dona Sara que estava inaugurando nova fase automobilística em sua super mole vida, pensei cá com meus botões: a gente podia ir de carro a Blumenau!
Google Maps e Mapeia na mão, o custo era bem mais baixo do que irmos de avião. Sem falar na liberdade de fazemos o que quisermos. E de termos um carro lá. E podermos levar tudo o que quisermos e trazermos tudo o que quisermos. E o Fernando topou dirigir. Jogo!

E esse tom roxo povoa as minhas recordações desta região!

Segundo o Google Maps, de Jundiaí a Blumenau são apenas 668km e dá para fazer em 8h. Tranquilo. Na época, a Sara acordava por volta das 4h da manhã, a gente aproveita e levanta, toma café e sai. Leva bastante bebida e comida e vai comendo mais no caminho. lá pelo meio-dia vamos comer um almoço alemão já em Santa Catarina.

Pois aí é que vocês (e nós) se enganam. Apesar de ser o estado mais rico do país, a estrada que liga São Paulo à outra região mais rica do país (Régis Bittencourt) é simplesmente ridícula. Toda a produção que é escoada entre o Sudeste e o Sul tem que passar por uma estradinha cheia de buracos, de pista simples, sem sinalização, no meio de uma serra. Ou seja, a receita para congestionamento. Mesmo às 4h da manhã.

Sim, porque parece que adivinhando, naquele dia a Sara acordou mais cedo. Às 3h, eu disse pro Fernando – não adianta dormir até às 4h, vamos sair agora. E foi um tal de pegar coisa que eu esqueci o nosso lanche na geladeira. Problema 1.

Família Cuore pronta pra estrada!

Quando chegamos ao primeiro pedágio da Régis, a moça diz: tem congestionamento à frente. Nada do congestionamento chegar, pensamos que estava até mentindo. Pois tinha. Por 60km. Que nós fizemos em 4 horas. Isso mesmo, nós levamos 4 horas para rodar 60km. Qual a chance de chegarmos a Blumenau ao meio-dia? Nenhuma. Problema 2.
Depois de descer a Serra, fomos bem. Dona Sara colaborou, dormindo muito e ficando bastante interessada por todo os brinquedinhos novos que levamos. Tenho que confessar que às vezes estava cansada de ficar deitada e resmungava um pouquinho. Tive que pegá-la no colo para confortá-la também. Mas foi tudo bem.

Alguém quer voltar?

Passando Curitiba, havíamos esquecido que o Carnaval é um feriado nacional. TODOS os curitibanos estavam descendo para as praias de Santa Catarina. Ou seja, mais congestionamento entre Curitiba e Joinville. Quando pensei que o pior já tinha passado, mais trânsito. Afe. Problema 3.
Isso já eram 2 da tarde, a nossa grande ideia de almoçar em Joinville estava se esvaindo. Começamos a pensar em dormir em Joinville, mas eu queria mesmo era chegar logo na casa dos meus amigos. De qualquer forma, entramos em Joinville tentando achar o BierGarten, um restaurante de influência alemã, porém mais moderninho, em que eu ir bastante quando morava por ali. Não achamos e, àquela hora, ninguém na rua sabia nos ajudar. Acabamos indo ao shopping e comendo Mini Kalzones e chocolates Doce Beijo (que, aliás, estão pela hora da morte, acho que mais caros que Kopenhagen), porque já eram 5h da tarde e estávamos urrando de fome – mas mesmo em fast-food eu faço questão de comer comida típica da região.
Saindo do shopping, por onde passamos? Em frente ao restaurante. Eu mereço.
Depois disso, mais nenhum percalço – mas estávamos muito cansados. Chegamos a Blumenau às 6h30, 14h e 30min depois de termos saído às 4h da manhã de Jundiaí.

É, tem seus percalços, mas vale muito a pena ir de carro!

Quando a Sara chorou? Chegando a Joinville, quando já estava bem exausta de ficar naquela cadeirinha. Uma voltinha no shopping e tudo resolvido, pronta pra última perna da viagem.
O que eu posso falar mais? Acho que dona Sarita puxou à mãe!

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