Lá pelos idos de 2007, todo mundo estava viajando no Brasil. Fui ao Reino Unido e minhas amigas queriam por todo pano visitar a Europa também. No seguinte, então, fomos fazer o Grand Tour Europeu: Tatiane e eu, 32 dias, malas de rodinhas e mochilas, 5 países e 10 cidades. Uma viagem memorável.
Eram tempos de Orkut, então a viagem ia sendo narrada por lá. Começamos a fazer vídeos, como uma forma de mostrar para a família que não estávamos vivendo um caso real do filme O Albergue e também para registrar melhor o que estava passando. Os vídeos iam parar no Orkut. Em breve, tínhamos um pequeno séquito observando as nossas peripécias.
Numa viagem entre amigas, ocorre o que você pode imaginar. Paixões repentinas, muita risada, nonsense, brigas e rompimentos, reconciliações. Em Paris, ao pegar a máquina fotográfica da Tati para tirar uma foto sua no Arco do Triunfo, a deixei cair. A foto mostra o que ela achou deste momento.
Como penitência, 2h na Fnac mais próxima para decidir se comprava uma máquina igual e mais barata ou outra melhor e pelo mesmo preço. A melhor ganhou o páreo.
De Paris, pegamos o trem a Marseille e umas freiras não muito católicas estavam sentadas no nosso lugar – reservado em detalhes, com meses de antecedência. Como assim? Não falamos francês, então invocamos o direito internacional dos portadores de passagem com assento marcado e sentamos bonitinhas como queríamos.
Quem escolheu ser boa para todo o sempre não fui eu, oras.
De Marseille, fomos a Cassis, onde a Tati salvou um peixe, numa demonstração de coragem e altruísmo, também para compensar a maldade que havíamos feito para as freiras.
Nossa base no Sul da França foi Avignon. Ficamos no delicioso Hotel del Angleterre – perto da estação de trem, à uma distância caminhável do centro. De Avignon, também conhecemos Arles e L’Isle-sur-le-Sorgue. Depois de conhecer, gostaria de termos feito nossa base em Arles mesmo – é muito fofa!
Em Avignon, foi a vez da dona Tati se apaixonar.
Mas não foi correspondida, apesar das ofertas irrecusáveis que fez ao moçoilo (ou pensou em fazer)!
Em L’Isle-sur-le-Sorgue conhecemos o Dog Monster – que depois iria se popularizar no Brasil.
A França foi o primeiro país de uma viagem memorável.
Todo mundo um dia deveria viajar com um amigo.
Viajar sozinho é muito libertador, com a família, o mais tradicional.
Viajar com um amigo é diferente: na receita da viagem, entra a diversão, o riso, o companheirismo. Entra o desafio de manter esta relação mesmo sob chuva de dificuldades. Entra o prazer do reencontro após a briga.
Viajar com um amigo é uma forma de exercitar o que de humano ainda temos. Esticar esses músculos e experimentar todas as caras que essa amizade tem.
A Tati e eu podemos nem morar mais na mesma cidade hoje. Nossas vidas tomaram seus rumos. Continuamos boas amigas. Vemo-nos bem pouco hoje.
Mas esta viagem… ela é uma memória coletiva desta dupla. Um marco em ambas as vidas e na história de nós duas – e, como tal, é um símbolo, um memorial, um ponto de referência para tudo o que éramos no fim de 2008.
Olá, muito legal o relato de vocês!
Gostaria de saber se na região da Provence vocês alugaram um carro, como todo mundo fala, ou conseguiram fazer os passeios de ônibus/ trem?
Obrigada!
Abraços
Olá, Sabrina, tudo bem? Já fiz as duas coisas: na viagem deste post usei o transporte público. Na viagem que fiz alguns anos depois, nós alugamos um carro em Roma e devolvemos em Florença. As duas são viagens inesquecíveis, mas com carro você tem mais flexibilidade e acaba conhecendo mais.