ODE ÀS AMIZADES
Desde sempre, na casa praia, tínhamos os mesmos vizinhos na frente. Durante muito tempo também, tivemos os mesmos vizinhos aos lados e nos fundos, mas na frente é que sempre foram os mesmos vizinhos. Quem passa os verões num mesmo lugar, e sempre retorna para a mesma praia, tem uma experiência completamente diferente daqueles que sempre conhecem um lugar diferente.
Na casa da frente, veraneava uma família. Pai, mãe, duas filhas. A Princesa Daiana, a filha da nossa idade, é uma amiga desde sempre. Não me lembro de a ter conhecido, ela simplesmente sempre existiu. Anos e anos em sequência, a Princesa Daiana era a certeza de muitas aventuras e explorações em Tramandaí – ela, minha irmã e eu erámos um time. Andávamos pelas ruas seguras, brincávamos de tudo, caçávamos girinos e espiávamos as obras das casas novas que iam se estabelecendo naquela zona nova da cidade. Quando compramos uma bodyboard (naquela época não tinha esse nome, era morey boogie mesmo), foi com ela que surfamos pela primeira vez, tomei os primeiros caldos e o derradeiro, que me afastou de vez dos campeonatos mundiais da categoria.